"Pedras no caminho? Guardo-as todas, um dia vou construir um castelo... " Fernando Pessoa

16
Fev 20

Enquanto caminhava sem destino, perguntava-me como eu cheguei aqui... Ainda me lembro daquela pessoa, de há 15 anos atrás. Chamo-a pessoa e não “eu”, porque neste momento nem tampouco sei o que esse “eu” quer dizer. Ando à deriva à demasiado tempo, que me vejo como um oceano de marés inconstantes e desconectas.

Essa pessoa, sabia falar e sabia escrever. Ela desbravava bem o caminho por entre palavras, filosofias, certezas. Ela dava pequenos passos, mas cada passo pisava firme em territórios de esperança. Era bom ser assim, livre e ingénua.

Tudo o que foi acontecendo, na minha cabeça são como pequenas correntes, que saíam dos trilhos por onde os meus pés descalços pisavam. Assim, o choro compulsivo, a dor dilacerante, deixaram as amarras se pregarem à pele, como se fossem uma continuação de mim mesma. Fui ficando para trás, de costas voltadas para aquela pessoa, para aquelas palavras, para todas as certezas. Acostumei-me à desconfiança, e abracei a solidão.

 

Só eu sei. Quem vê de fora, só vê alguém inconveniente, que não é articulada, que é gorda e desleixada. Alguém apática, que não sabe se organizar.

 

Mas cheguei à conclusão que essa imagem, que o que os outros vêem pouco me importa. Os meus olhos, aqui dentro, aqui escondida, escolhem o silêncio. Existe em mim esse silêncio, o silêncio que se houve à beira mar. Existem as ondas, existem os pequenos ruídos. Quem se senta na praia e olha no horizonte não sabe o que se esconde abaixo da superfície.

 

Ninguém sabe... Todos julgam. Tenho saudades de ter prazer em escrever, em conversar. Tenho saudades de me sentir livre. Há uma tristeza e uma melancolia, que se apegaram a mim, tal como as amarras. Somente eu as sinto.

 

Quem me pode julgar, então? Alguém consegue ver através da superficie? 

 

 

publicado por Quem ontem fui já hoje em mim não vive às 22:16

22
Nov 19

Ás vezes só consigo ser leve e livre quando me deixo levar pela música, quando paro de pensar. Nesses breves segundos em que flutuo no maravilhosa imensidão da simplicidade de ser, todos os males do Mundo, todas as questão existenciais ficam fechadas numa qualquer caixa de Pandora.

Quando volto a mim, a Caixa de Pandora abre-se, sem que eu pudesse controlar. Todos os medos e inseguranças voltam à superficie, e somente a esperança fica ali, imersa, a tentar encontrar um raio de luz que abra caminho por entre toda esta negatividade. 

O pior de tudo é não saber porquê. Os pensamentos rodopiam soltos, a auto-critica, o medo de não estar a seguir o bom caminho, de não ser boa mãe, de não ter qualidades, só defeitos. Todas estas inseguranças parecem um comboio a alta velocidade, que não ocupam só o pensamento, mas que fazem com que haja sempre este aperto no peito, pesadelos desconexos e noites más dormidas. 

Ás vezes só gostava de poder andar de mão dada com o meu eu, aquele que tem orgulho de ser quem é, que se aceita como é, que sorri, fala, vive sem culpa e sem julgamentos.

Ás vezes gostava de não ter tantas perguntas, e nem sequer me preocupar com respostas. Ás vezes gostava de somente respirar. Um simples breath in, breath out.

A simplicidade é o meu maior sonho. As amarras da insegurança são a gravidade que me prendem ao chão. Sou repleta de vontades, de projectos, de ambição. Mas esse eu vive de costas voltadas para a Acção. 

Que um dia me esqueça de lembrar. Que um dia me lembre de esquecer. 

 

publicado por Quem ontem fui já hoje em mim não vive às 22:52

08
Jul 19

Na vasta planície da minha solidão, a vontade de ouvir outra coisa que não o silêncio, é como a miragem de um oásis. Ela existe, mas já me acostumei a vaguear sozinha pelo cosmos da minha existência. 

Comigo trago perguntas, trago tristezas, trago lágrimas. Trago saudade...saudade de casa. Porque aqui tudo é tão estranho. Há quem veja beleza na tristeza, e quem deboche do amor próprio. Talvez, quem sabe, eu aqui seja só um corpo cansado, pesado, à procura de uma copa verdejante de uma árvore, neste deserto imenso. 

Talvez o que procuro é me deitar nesse solo cheio de raízes, e olhar para as nuvens, depois para as estrelas que já padeceram, para depois deixar o meu olhar se prender nos planetas desconhecidos. 

Talvez tenha que voltar à raiz, e dela crescer; talvez deva perceber que procuro saber mais sobre o infinito, sem saber por onde começar. 

É difícil. Ás vezes quero contemplar em silêncio, outras vezes danço sem parar por dentro. 

A cada passo que dei para me afastar deste plano, deixei um pouco de inocência e ingenuidade em cada esquina, e em cada lágrima desapareceu um pouco da alegria e da curiosidade pelo desconhecido. Porque quis ser cientista sem perder a fé. Mas não encontrei certezas, e é cada vez mais difícil acreditar de olhos fechados...e até de olhos abertos.

Tem dias em que só quero fechar os olhos e lembrar-me do que já aprendi. Tem dias em que é difícil ter coragem e vontade de abrir os olhos para seguir rumo ao Horizonte. 

Após os pequenos momentos de desassossego e solidão, lembro-me que depois de chover aparecerá um novo arco-íris. Mas porque não me basta contemplar? Sinto que tenho alma de pássaro. Gostava de aproveitar o momento, mas sinto que tenho que partir. O meu passo segue a um ritmo de tristeza, só, em silêncio e em dúvida. Mas não posso olhar para trás. Posso lembrar, mas o viver reside ali no horizonte, e eu quero percorrer todas as cores do arco-íris, até que este vazio seja passado, e ao chegar à cor purpura, aquela última cor do arco-íris, que esta seja um recomeço com um passo mais feliz, no caminho que me leva de volta a casa.

 

 

publicado por Quem ontem fui já hoje em mim não vive às 21:02

01
Jul 19

O que é ter tudo?

É ter dinheiro? Beleza física? Amor? Ou ter uma boa casa, ou um bom carro?

O privilégio não é de quem tem "tudo", mas de quem cresceu a viver com pouco. Mesmo assim, inconscientemente, desejamos que esse pouco seja um mais, mas materialista.

Nunca poderemos ter tudo. Mas enquanto aqui estivermos, teremos tempo. Teremos oportunidades.

Como diz o narrador do Principezinho, os adultos adoram números. E aí, contamos o tempo, sem nos apercebermos que o tempo é relativo. Numa pequena janela com vista para as estrelas, um minuto pode nos devolver milhares de memórias, e nessa viagem, podemos descobrir coisas sobre nós, sobre a vida e sobre os outros. Anos de aprendizagem se desdobram e se revelam numa pequena janela, num minuto cronometrado do relógio, mas que na imensidão do nosso universo pessoal, pode equivaler a 1 ano luz. 

Num sorriso sincero duma criança, podemos sentir muito mais felicidade, do alguma vez todo o dinheiro do mundo nos poderia dar. 

Beleza? Há algo mais belo e complexo do que o nosso mapa de constelações? Não haverá beleza na tristeza e na dor das feridas abertas, ou nas cicatrizes que ainda nos preenchem, mas há uma beleza imensa em acordar hoje mais forte do que ontem. Nem todos conseguem sentir que se fortaleceram nesta vida. Mas aqui, ou na próxima vida, cada dia é mais um passo. Cada sorriso, cada "obrigada", cada suspiro silencioso de paz, nos guiam e nos confortam. 

Viver não é fácil, para ninguém. Com ou sem dinheiro, com ou sem beleza (física), haverão sempre mais perguntas do que respostas. 

E eu sei que é tão difícil viver sem julgar ninguém, mas atrás de cada rosto, há uma alma, uma História. Há todo um universo infinito e em expansão que desconhecemos. Mais difícil ainda, é julgarmos-nos a nós próprios, aceitarmos os nossos defeitos e qualidades, aprendermos a sermos melhores. Mas, como diz a música "cada um sabe da alegria e da dor que trás no coração". Se não estamos cientes da imensidão que somos, como poderemos estar cientes da imensidão de cada ser que nos rodeia?

Humildade. Sei que nós nos pomos no centro da vida. Mas basta olharmos para o céu, para perceber que fazemos parte de algo bem maior. Se no Universo imenso existem tantas estrelas, porquê querer que apenas uma brilhe mais do que outras? Nós, somos este pontinho pequeno, olhando para um corpo celeste no passado, para a a beleza da luz que irradia, mas que na verdade representa a sua morte. Estamos tão longe, e somos tão pequenos, que só vemos um pequeno ponto de luz, de algo que já foi, talvez, o centro de um outro sistema solar. 

Este, aqui, é só um corpo com prazo de validade. Esta vida é só uma passagem, e o que levamos é a aprendizagem. A beleza está em aproveitar o intervalo, consciente de que se fosse fácil, não haveria razão para tudo isto.

 

publicado por Quem ontem fui já hoje em mim não vive às 23:17

Num qualquer ponto deste vasto chão, alguém observa o céu. Tudo daí parece imenso. O que nos rodeia, e o que nos compõe.

 

A viagem sempre começa num pequeno segundo de contemplação. Quando fazemos uma pausa da banalidade do dia a dia, quando olhamos aquele céu, aquela estrela, aquela pequena folha que abana com o vento... quando voltamos à origem de tudo, dão-se os pequenos momentos de clarividência.

Ás vezes a viagem inicia-se sozinha, e leva-nos junto numa pequena jornada a um canto impresivivel do nosso infinito pessoal.  Sim, infinito. Podemos fazer de conta que sabemos de tudo sobre nós, mas sabemos tão pouco. Estamos alegremente perdidos entre a multidão que nos rodeia. 

No fundo, todos nós estamos à procura de respostas, enquanto percorremos o caminho para casa. A cada passo estamos mais perto do virar da esquina, mas a cada esquina estamos mais longe de chegar a casa. Porque o nosso corpo está na Terra, e a nossa alma, essa criança curiosa e sonhadora, voa em forma de cometa algures em Saturno ou numa qualquer cauda da Via Láctea. 

Por isso é que é mais fácil respirar e sorrir quando olhamos para as estrelas. Porque quando olhamos em volta sentimo-nos sós. A gravidade torna-nos egoístas e presos a um só chão. Mas, aqui, os pés que os pisam não são tidos todos como iguais. Apesar de todos nós estarmos perante épicas batalhas internas, vivemos num mundo desigual. 

Quando olhamos o céu, num pequeno ponto distante, a luz da nossa estrela reluz livre, à espera que novos planetas e satélites a acompanhem, e formem a próxima fase do nosso sistema solar. 

Aqui, neste corpo pequeno e minúsculo, necessitamos aprender, evoluir. E tudo está feito para que seja extremamente díficil, para que não haja certezas, só perguntas. Porque a nossa alma é luz, mas o espaço é negro. E solitário. 

Ao olhar o céu não se vê somente as estrelas e as constelações. Inconscientemente, sentimos a saudade de casa, sem saber que, afinal, Saturno é aqui tão perto, e que, como dizia Pessoa, afinal, nós não somos do tamanho da nossa altura; somos do tamanho do que vemos.

Saturno

 

publicado por Quem ontem fui já hoje em mim não vive às 01:40

03
Mar 17

Enquanto percorro o traços imaginários dos meus passos, existem outros traços imaginários que se cruzam. Imaginários, mas reais. Aqui, ali e em todo o lado...há tanto que se esconde, que não se contenta com a superfície e procura os oceanos profundos de cada um. 

 

Existe uma imensidão de azul, nesse oceano, que se transforma lentamente em um tom mais escuro, e mais outro, e outro, até que já não existe cor, só falta de luz. No subsolo, lá nas profundezas do ser, vive tanto de nós, e tão pouco são aqueles que conhecem esse nível raso de nós próprios. Gostamos de pensar, ou fazer os outros pensarem, que somos feitos de água translúcida e pequenos fragmentos de matéria supérfula, de sorrisos faceis e palavras leves. Mas não existe leveza na superficialidade. Existe a ilusão de leveza. Porque ninguém quer descer onde não se vê o céu, a linha ténue entre um anoitecer e o dia que agora se põe.

 

Então, será que podemos dizer que vivemos no Crepúsculo da nossa imensidão? Nas nossas costas carregamos a escuridão do que nos marcou e nos ensinou o que é a gravidade.Não a gravidade do espaço. A gravidade da vida. Há quem flutue ignorando todo o mundo que está por baixo, mas a vida nos ensina que o caminho se faz debaixo para cima. Se ignorarmos toda a escurião, só saberemos deambular pela claridade. Parece um passeio fácil e feliz, mas a ingenuidade e a inocência torna-nos incautos. Como seria bom ser ingénuo e ser sábio, ao mesmo tempo. Como seria bom saber tudo sobre os pequenos becos da base escura de nós mesmos, sem sentirmos medo ou dor. 

 

Quem se deixa flutuar e ignora a caixa de pandora caída lá no fundo daquele oceano, perdida na escuridão e imensidão da noite do nosso ser. Ao ignorar, não se consegue conhecer todos os males que assolam o Mundo. Mas nem tampouco o valor da esperança, principalmente num mundo tão superficial como este, onde vivemos. 

 

Trago comigo o meu oceano particular, os meus vários tons de azul. Daqui, do lado de fora parece que só existo. Ninguém sabe, ninguém sabe a profundeza dos vários tons, a itensidade da gravidade que me obriga a lidar com os tons mais escuros, os dias mais tristes, mas memórias mais dolorosas. Ninguém conhece a intensidade do meu Crepúsculo, ou o que sindo quando vejo a água translúcida que também faz parte do meu eu...

...Nem ninguém sabe o que cada um com sente para um céu carregado de nuvens, com uma pequena abertura entre elas, de onde irradia um sol que vem de muito longe, e já viu mais do que alguma vez veremos. Ninguém sabe, mas toda a gente presume saber. Toda a gente se acha no direito de julgar. Para cada janela da alma que finta esse sol, há um imenso oceano por detrás. Só quem ignora o seu, poderá julgar quem mergulha, quem cede à gravidade, quem cede aos medos, quem cede ao choro, quem cede ao despero, quem carrega consigo todas as suas dores sem as declarar como somente suas. 

 

Somos particulas do Cosmos. Mas mesmo dentro de uma partícula, cabe um infinito em expensão. É essa a nossa a dimensão. E a dos outros. Alguns com Universos cheios de luz, de estrelas e planetas. Outros perdidos nos buracos negros do seu próprio Universo. 

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publicado por Quem ontem fui já hoje em mim não vive às 17:29

12
Abr 16

Existe uma palavra que corre solta e facilmente por aqui e por ali...a palavra gentileza.

 

Gentilmente, deveríamos de julgar menos, respeitar mais. A minha dor não é a tua, e a tua não é a minha. Só nós temos acesso aos confins do eu. O filme da nossa vida, onde estão todas as nossas memórias,alegrias, tristezas, sofrimentos, erros e aprendizagens, não passa numa sala de cinema, mas dentro de nós.

 

Gentilmente, deveríamos nos conectar mais, ter mais empatia. Se olhas para os teus pares como seres humanos, e não como indivíduos de outra nacionalidade, de outra etnia ou outra cultura, então pratica um exercício todos os dias, pondo simplesmente a questão: e se fosse eu? Colocarmo-nos nos pés dos outros, ter empatia, enriquece-nos quanto eu, enquanto nós, humanidade.

 

Gentilmente, deveríamos ser mais cientes do passado para construir um futuro melhor. Os erros foram feitos para aprendermos com eles. É certo que viver não é fácil, e a vida não vem com um manual de instruções. Mas ao menos, aproveitamos os erros para saber o que não fazer, ou fazer diferente.

 

Gentilmente, deveríamos amar mais e odiar menos. Amar não é só um verbo, então não o uses de forma leviana. Ama com os actos, não somente com as palavras.

 

Gentilmente, sê gentil. Acredita, é contagioso.

 

 

publicado por Quem ontem fui já hoje em mim não vive às 22:51

22
Jan 16

Há uns dias atrás passei por uma paragem de autocarro, e vi um Sr. de cadeira de rodas a tentar entrar num autocarro público da cidade do Porto. Supostamente, estes autocarros públicos estão preparados para pessoas com deficiência física, ao serem mais baixos e terem uma plataforma elevatória que lhes permite entrar e sair com bastante facilidade. Pois, supostamente têm. Esse Sr. tentava, com todas as limitações que tem, puxar a plataforma, que supostamente se abre automaticamente. Mas não, ela não se abria de maneira nenhuma. Eu tentei, um outro Sr., o próprio motorista tentou abri-la...nada. O Sr., de olhos tristes e voz conformada, disse ao motorista "é o 4º autocarro que passa e tem o mesmo problema." Enumerou vários números de autocarros que já passaram onde ele, ali, só, preso a uma cadeira de rodas e num dia chuvoso, tentou entrar, sem sucesso. O motorista ofereceu-se, junto com outras pessoas, para o ajudar entrar doutra maneira. O Sr., cabisbaixo recusou. "E depois, como é que eu saio? Não, deixe estar..." 

 

O medo de incomodar o próximo, de ser um peso maior que o próprio peso que já carrega, era evidente. 

 

Para quem não tem esse tipo de problema, não é possível ver o porquê da urgência em concertar algo tão simples. E se fosse uma porta normal que não abrisse? Talvez o autocarro parasse até estar apto para circular. Mas uma rampa, fundamental para um portador de deficiência física, é algo secundário que pode esperar. Todos os dias colaboramos numa segregação constante, de forma inconsciente, que leva a que muita gente que já vive em solidão e completamente limitada, acabe ainda por se sentir a mais, vivendo na sombra, sem querer incomodar ninguém, sem querer sem um fardo.

 

Este tipo de segregação já acontece desde que surgiu a espécie humana. Mas foi evoluindo de uma forma cruel, que não conhece limites. Então, hoje em dia, existem milhares de culturas distintas no Mundo, mas será que algum desses sítios é aquele sítio onde todos são olhados como iguais, têm as mesmas oportunidades e vivem em harmonia, trabalhando em conjunto para o bem da comunidade?

 

Na Antiga Grécia, onde surgiu o conceito de Democracia, a ideia era tão boa...uma boa utopia. E com a evolução e as diferentes culturas surgiram várias formas de manipular massas, de furar o sistema,de segregar pessoas da sua própria cultura ou outras, com a desculpa que eram precisamente...diferentes.

 

Ser diferente, a grande virtude de sermos Humanos, demarcou-nos e demarca-nos ainda em praticamente tudo. Não nos basta o facto de sermos únicos, de não haver mais ninguém num universo de aproximadamente 7 biliões de pessoas. A ambiguidade e complexidade do Ser Humano leva-nos a separar o bom do mau, mas isso depende da perspectiva de cada um. Então fica a pergunta, o que é realmente bom e o que é realmente mau? A ambição pode ser visto como algo bom, mas quando isso leva a que esse pequeno (grande) facto de sermos únicos não ser suficiente, então transforma algo bom em mau. Para tudo na vida é necessário um meio termo, mas meios termos não faz parte dos genes humanos. Pelo menos não na esmagadora da maioria. Vou usar o meio termo e não meter toda uma espécie no mesmo "saco". 

 

Sempre houve essa necessidade de termos mais: mais que os outros, mandarmos mais que o outro, ser mais sábio. Ponto, e recomeça a conversa do meio termo, do bom e do mau. O saber não ocupa lugar, diz o provérbio. É bem verdade, cultivar-nos ajuda-nos a atingir um patamar onde esse meio termo, a contenção e a simplicidade nos ajudam a ter uma vivência mais plena e mais atenta ao que nos rodeia, de forma positiva e activa. Mas, a sabedoria também pode servir o lado oposto, o do mal. E em tantas situações o Ser Humano aproveitou-se do facto de saber mais num plano que lhe favorece, para ludibriar quem vive a sua vida de forma ingénua e inocente, virando essa forma de viver contra eles mesmo, culpando isso mesmo por terem sido enganados. Assim fizerem os primeiros comerciantes de escravos com as pessoas africanas, e o mesmo aconteceu com os colonizadores que queriam converter os índios dos países que "descobriram" e, como tal, agora era deles.

 

Em pequenos passos se traçaram personalidades de nações inteiras: nos EUA os europeus colonizaram o território, vendiam "pretos" em praças públicas como quem vende um naco de carne, e chamaram mais europeus para conquistarem terras através de corridas e afins - a isto chamaram de justo - sendo que antes "limparam" a terra dos seus verdadeiros donos, os nativos americanos, para poderem fazerem o que é justo à vontade. Assim se criou a terra das oportunidades...oportunidades para um, tortura para outros. A escravidão era algo natural, algo que era amplamente aceite e que toda a gente foi conivente, só porque essas pessoas eram diferentes, "bichos". Mas, voltando ao uso do bom senso, quem seriam os "bichos" nessa altura? Não é natural usurpar a vida de alguém, de outro ser humano, se apossar dela e fazer dela o que bem entender, seja isso violar, matar, torturar, pôr a trabalhar em troco de nada. Mas nessa altura era "normal"... E para quem olha horrorizado e tente imaginar como seria viver assim, pense que isso ainda hoje acontece um pouco por todo o Mundo, mas desde que não seja à nossa frente, e passemos longe por esses lugares, podemos viver alegremente na ilusão que isso é História, Passado e não Presente. 

 

Esse hábito de conviver com a maldade e crueldade humana está impregnado em toda a gente. Fechar os olhos é já automático, olhar de lado não tem nada de mal, e então falar em voz baixa de alguém que tem o cabelo assim ou assado, de 2 pessoas do mesmo sexo que se amam e não escondem isso em público, ou automaticamente pensar que um mestiço ou "preto" é mais propenso a roubar-nos que o Sr. engravatadinho que passou ao nosso lado, e até nos tirou a carteira do bolso sem nos apercebermos. Somos, no geral, uma sociedade hipócrita e altamente preconceituosa. E isso vê-se claramente na recente crise dos refugiados que estão a chegar à Europa. 

 

Nesta altura, a nossa identidade e personalidade altamente preconceituosa está completamente exposta e não adianta esconder, mesmo usando a suspeita que no meio deles há terroristas. Além da tão boa desculpa "primeiro temos que usar os nossos e depois os outros", sendo irónico que tanta gente fale assim, quando nunca tiveram um gesto na vida para ajudar quem quer que fosse, e morrem de medo de um mendigo que se aproxime a pedir comida. Além disso, se formos pela lógica, porque é que os terroristas precisam se infiltrar, correr risco de vida para chegar à Europa se, nomeadamente, o estado islâmico tem pessoas com passaportes de vários países europeus nas suas fileiras, que podem simplesmente apanhar um avião com a desculpa que vão visitar a família? Depois vem mais uma desculpa: eles são DIFERENTES, são de uma cultura retrógrada, e vão atacar as nossas mulheres, e criar conflitos na nossa sociedade. O que aconteceu em Colónia, na Alemanha foi então ouro sobre azul, que validou todas as suspeitas levantadas. Mas aí voltemos ao bom senso e à lógica: porque é que 1000 homens, que passaram tantos dias de sacrifícios, correram perigo de vida, eles e as suas famílias (muitas mulheres e crianças incluídas) iriam chegar finalmente vivos à Alemanha, e iriam se organizar para atacarem mulheres? Os grupos de extrema direita foram quem divulgaram tudo isto, notícia que só surgiu 5 dias depois de, alegadamente, terem acontecido. E aí, é só juntar dois mais dois... 

 

Tantos europeus, e pessoas de outros continentes, culturas, etc., falam do alto da sua arrogância e preconceito como se aquele povo, que já sofreu tanto, mas tanto, que não temos sequer noção das atrocidades que viveram ou presenciaram, fosse diferente, inferior ao nossos. Isto é somente uma hipocrisia que sempre existiu a vir à tona. Os franceses foram pioneiros no que diz respeito a catalogar os direitos humanos, abriram portas à imigração, mas somente porque lhes convinha, porque precisavam de pessoas que trabalhassem no que eles não queriam trabalhar, e praticam diariamente (não todos, claro) um preconceito demarcado contra imigrantes, descendentes de imigrantes, pessoas de cor, raça diferente, cultura diferente. Se tentarmos perceber o porquê dos incidentes nos subúrbios de Paris à uns anos atrás, chegamos facilmente à razão pela qual a França é o país ocidental que mais cidadãos da sua nacionalidade tem nas fileiras do Estado Islâmico. Aí reside a ironia: os precursores dos direitos humanos ajudaram à criação de bairros, gerações inteiras completamente marginalizadas e que dificilmente terão acesso às mesmas oportunidades de trabalho, de qualidade de vida que os franceses "puros" tem, mesmo que já sejam a terceira, quarta, quinta geração a nascer em França.

 

A Merkel foi das poucas lideres europeias que abriu os braços aos refugiados. Por esta altura, deve estar arrependida, por certo, mas ela não o fez por ser uma alma caridosa e preocupada com os sírios e demais povos que fogem de realidades que nem sequer podemos imaginar. Simplesmente a Alemanha está no topo da economia europeia, detêm a hegemonia do poderio económico o que resulta numa necessidade muito grande de mão de obra. Ora, tendo em conta de que os alemães não estão lá muito dispostos a se dedicarem a trabalhos onde não ganhem o que achem justo, e os europeus do sul deixaram de acreditar em contos de fadas, acolher um povo sem perspectivas de futuro, desesperado por uma oportunidade para ter uma luz ao fundo do túnel, pareceu-lhe a oportunidade perfeita: pessoas eternamente gratas vão de encontro à demande de mão de obra, e ainda por cima barata! "Ora, se vos acolhemos, demos de comer e uma possibilidade de lar, o mais justo é retribuir". O "justo", sempre o "justo". 

 

Se procuramos por sociedades bem sucedidas e que efectivamente funcionam, podemos olhar para os países escandinavos, como a Noruega, Finlândia, Suécia... Pois, são países que tudo parece funcionar bem, mas quem tem em vista imigrar para lá (são destinos óptimos para tal) não espere facilidades. Estes países agradecem mão de obra, mas mão de obra qualificada. Para se viver numa sociedade quase perfeitamente igualitária, há que aceitar que temos que ter mérito para lá chegar e concorrer de igual para igual com os povos locais, ou outros. Mas o sistema do "méritometro" é outra versão (completamente distorcida) de preconceito e segregação. 

 

E porque não falamos no nosso lindo país, Portugal? Pois, nisso posso falar bem, já que sou portuguesa e (infelizmente) vivo aqui. Já fomos a nação mais rica e poderosa do mundo, até que, aquando das invasões francesas, D. João VI decidiu fugir para o Brasil com a sua corte, e abandonar os portugueses à sua sorte. De nação poderosa e respeitada, passamos a lambe botas eternamente gratos aos nossos amigos e aliados ingleses, que ocuparam Portugal enquanto Carlota Joaquina se divertia com as suas conquistas amorosas e D. João VI dedicada grande parte do seu tempo a...comer. Pela imensa gratidão, doamos grande parte do nosso território em África, herança (essa também manchada por algumas práticas ditas "normais" na época) de um outro tipo de povo português, corajoso e empreendedor, e fomos descendo, descendo, descendo, até chegarmos aos dias de hoje. Nos últimos anos, tivemos um primeiro-ministro, que "à là D. João VI" nos abandonou, deixou Portugal de tanga, para aceitar o tachinho de Presidente da Comissão Europeia. Tivemos outro primeiro-ministro que roubou descaradamente o que pode, demitiu-se quando não estava mais para aturar isto, foi estudar filosofia e Paris, onde vivia numa casa luxuosa que comprou com o direito que roubou dos contribuintes, e, tal como cereja no topo do bolo, voltou para Portugal...para ser comentador de política no canal PÚBLICO!! Lá voltou para França para uns tempos mais tarde ser preso por corrupção. Hoje está em liberdade, e continua a aparecer com a cara mais deslavada que alguém poderia ter. 

 

Continuando nos belos chefes de estado que tivemos, falamos também do último antes deste, que aquando das reuniões sobre a crise na Grécia se mostrou firmemente contra a ajuda monetária à Grécia, com o pormenor de ser primeiro ministro de um país que estava sob resgate financeiro do FMI e, tal como a Grécia, sob os olhares atentos da União Europeia. 

 

Aqui, há muitos anos, viveram-se os tempos das vacas gordas. Havia dinheiro, o banco emprestava dinheiro a toda a gente, e vivia-se bem. Era um povo altamente desqualificado, que teve acesso a pouco educação. Então, a geração seguinte cresceu a ouvir "se queres ser alguém na vida, estuda, meu filho". E nós estudamos. Investimos em nós como nem loucos, gastamos dinheiro, contraímos empréstimos, para "ser alguém na vida". E aí, chegamos ao mercado de trabalho, muita gente sem nunca ter trabalhado na vida, ou seja, trabalharam para o bronze na doce vida de estudante. E aí, quando estavam aptos, depois de terem investido em si mesmos, onde estava o trabalho? Trabalho havia, mas era igual se tivessem estudado ou não: trabalho mal pago, horas e horas não remuneradas, profunda instabilidade e certezas para o futuro, praticamente nenhumas. Estamos a pagar os erros, as dívidas das gerações passadas, estamos a pagar algo para o qual não contribuímos em nada. E ainda tivemos um primeiro ministro, o mesmo "rico" que era contra ajudar a Grécia, que nos disse que se não estávamos satisfeitos, que fossemos para a Grécia. Um homem que nunca trabalhou na vida, que até aos 37 anos só tinha no currículo cursos universitários e acções partidárias. Os "padrinhos" do partido lá lhe arranjaram trabalhos em administrações de grandes empresas, ou seja... este homem, que nos manda imigrar se "não estivermos contentes" nunca trabalhou na vida. Nunca teve que ser tratado como menos do que merecia, nunca teve que suportar o facto de colegas que entraram à bem menos tempo que eles ganharem mais que ele, nunca trabalhou horas de graça porque "se não concordas as portas da rua estão abertas", nunca teve que viver com um salário que nunca chega. 

 

Então, pensando nisto tudo, como é possível que após milhares de anos de evolução, ainda estamos neste ponto? Num ponto em que olhamos para os que sofrem em África como coitadinhos esfomeados, mas somente isso, porque se estão longe não é problema nosso; num ponto em que nos achamos muito humanos porque defendemos os nossos em detrimento dos estrangeiros/ refugiados/ pseudo-terroristas, mas na verdade nada fazemos pelos nossos e até o olhamos de lado? Num ponto em que o simples facto de se ter deficiências físicas é um entrave tão grande no dia a dia quem nem dá vontade de sair de casa?

 

Somos, mundo "civilizado", uma sociedade profundamente doente. De um lado do mundo, há quem morra de fome, do outro há toda uma geração que sofre de uma doença depressão, que tem distúrbios alimentares que os levam a comer e comer até serem obesos, uma sociedade que auto-aniquila e segrega quem não viva segundo as suas regras. Felizmente, há muita gente que vê o Mundo como um todo, que usa a cabeça para pensar, e não a dá voluntariamente como espaço vazio para manipulação alheia. Ainda há esperança, tanta como a hipocrisia e arrogância da aristocracia falida e patética que acha que vale mais do que o sorriso de uma criança, do que alguém que só quer viver praticando o bem no meio das bombas que caiem à sua volta. 

 

publicado por Quem ontem fui já hoje em mim não vive às 19:34

27
Jul 15

Tango. Poderia ser esta dança a representação da vida? Uma dança díficil, sofrida, cheia de sentimentos contraditórios, mas que perante o amor e a paixão, abranda, transforma a fúria em contemplação.

 

Fiz da contemplação a minha arte. Mas contemplar não basta, porque para conseguir interpretar essa arte, há que sentir, há que viver, sentir o sangue a correr veloz nas veias, como essa vontade de viver, de ser, de fugir, gritar ou somente de ouvir o eu. Aquela voz, suave, que se eleva no silêncio do contemplar do momento. Essa arte, exige tanto, não vem só, não vem com ninguém, somente a vida nos dá as ferramentas, cabe-nos a nós construir a jangada. 

 

E no meio das equações dificéis, é tão fácil simplesmente baixar os olhos, e simplesmente não ver. Tolo de quem pensa que olhos fechados afastam a contemplação. Vemos com tanto de nós... Não podemos fugir do que está dentro de nós, tal como não podemos fugir da chuva quando ela aparece de repente num dia de verão. 

 

Caminhar por entre as gotas da chuva tem o que se lhe diga. É uma metáfora que serve de barco à ilusão de que podemos fugir à vida, ao imprevisto, ao que foi feito para nos ensinar o que temos que aprender. E há tanta gente que viva na ilusão, muitos sem se dar ao trabalho de se desculpar em metáforas. 

 

O que realmente acontece dentro de nós, é, ao ínicio, como a explosão do Big Bang que criou o Universo. No nosso Universo particular, muitas coisas surgem de surpresa, sem avisar como a chuva de verão, envoltas em mistério, como uns passos mais apaixonados de Tango que brotam da nossa vontade de reagir ao sentimento desconhecido e arrebatador. No choque da criação de uma dúvida, de uma suspeita, de um desejo, todos nos sentimos confusos, atordoados. Então, tal como a criação do Universo, pequenas estrelas começam a aparecer, tímidas, por todo o infinito negro e desconhecido. E a luz é sempre tão forte que nos esquecemos de dar nome ao negro, e só vimos a luz. Quando estão perto, ofuscam os olhos, e volta a confusão, o encantamento de algo tão belo mas impossível de ver nitidamente, ai surge a verdadeira contemplação. Mas ela só é possível quando olhamos primeiro atentamente as estrelas que estão mais longe... As estrelas mortas, mortas sim, mas que existiram, e a sua luz que se vê ao longe torna-as em pequenas particulas de imortalidade. 

 

Só vemos a luz do presente, os pequenos sinais da vida, olhando para o passado, para aquela luz da estrela mais bela que já morreu, apesar de estar ali. A arte da contemplação é essa: aprender com o passado a ver atentamente o presente, tornado-nos ainda mais sábios e sensatos no futuro. 

 

Então, dancemos este Tango chamado vida? Ou seremos simplesmente espectadores das danças alheias? 

 

 

publicado por Quem ontem fui já hoje em mim não vive às 22:04

13
Jun 15

Passaram quase 5 anos desde a minha última públicação... Se tivesse escrito esta frase na minha velha máquina de escrever, demoraria uma eternidade barulhenta a fazer um simples "rewind"... Porque não, não vou começar este post assim, pelo menos não na sua essência. 

 

Na vida, é como na lenda: olhar para trás transforma-nos em pedra. A memória existe como exemplo comparativo, como nosso manual escolar da vida, ou seja, para não esquecermos os erros, para não voltarmos a repeti-los, para sabermos todas as aprendizagem utéis que adquirimos até aí, talvez para servir como aquele pequeno click parante as coincidências e obstáculos da vida. Viver no passado é diferente, é errado, é basicamente estar de costas para o futuro. Então, olhemos em frente, ou então para o presente. A vida acontece agora, e se estivermos realmente atendos, vemos que, tal como no Cosmos em geral, tudo pode acontecer, tudo é desconhecido e extremamente pequeno na escala do infinito.

 

O que é engraçado em tudo isto é que ego, ser abstracto e alucinado, por vezes é maior que o infinito ao quadrado, e quem se rege por essa coisa fica mergulhado num mundo construído por convenções, morais e manipulações colectivas. Tem lógica, se pensarmos bem, afinal quem tem quem alimente o seu ego, soube como montar as redes para apanhar o peixe, soube construír e dar a esse grupo o que ele quer, o que ele aceita como certo e como grandioso. Até a Deus foi dado um ego que o fez perante os olhos dos "tementes" a Ele, como um ser superior implacável, que castiga os seus filhos à base de pragas ou desgraças, ou sei lá o quê. O que nos criou a todos, sofreu por nós, é tido como ominipresente e representado como puro amor ou luz, vai ficar muito zangado se um dos seus filhos deitar um papel para o chão, e vai interferir com todos esses mundos paralelos, destino, karma, o que seja, para que esse seu filho seja castigado?

 

As prioridades andam trocadas, e os contextos manipulados. No fundo, tudo isto não interessa. E aí está o Santo Graal da nossa existência neste mundo: o que interessa é individual, é pessoal. Eu interesso-me por algo, e tu por outra coisa qualquer. E a vida que se faz olhando em frente existe muita introspecção, existe um auto-conhecimento, uma busca constante por isso. Porque na verdade, o essencial é descobrirmos quem somos, o que queremos e para onde queremos ir. Porque se não o fizermos, se nos regermos pelas convençoes, pelo colectivo, o nosso equilibrio não existe. Quem segue rebanhos, terá como bem e mal aquilo que lhe for ensinado e apontado. Onde pode haver equilibro numa alma sem esse tipo de discernimento? 

 

Para tudo isto, para esta jornada sem fim, que nos acompanhará até ao último fôlego, é indespensável a humildade. Sim, humildade. E digo-vos uma coisa: humildade não é sinónimo de pobre. É sim sinónimo de rico, pois rico do qual conseguir olhar para o passado e aprender verdadeiramente com os erros, admitindo-os a si mesmo, e, acima de tudo, perdoando. Porque há quem passe uma vida a errar sem aprender, alimentando o ego, esse ilusionista matreiro, e não deverá haver existência mais triste que essa. Porque só não erra, só não tem atitudes de bem e de mal, quem nunca viveu. Prefiro mil vezes ser olhada de lado por ser quem sou e admitir-lo, do que andar de cabeça baixa julgando e sendo julgada. 

 

Assim vamos em frente, nessa longa caminhada... Sendo nós, cada vez mais, olhando para trás cada vez menos.

 

 

 

 

publicado por Quem ontem fui já hoje em mim não vive às 22:03

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