"Pedras no caminho? Guardo-as todas, um dia vou construir um castelo... " Fernando Pessoa

23
Jul 10

Há quem apenas exista. Há quem viva.

 

Nos passos da multidão é fácil seguir a mesma corrente. Mesmo nos sentindo como alguem à parte, um mundinho à parte na galáxia imensa da via láctea, mesmo assim...nos iludimos com essa falsa independência.

Então, vamos andando andando e...paramos. Olhamos para trás. Onde estou? Quem são estas pessoas? De onde vim? PARA ONDE VOU?

E estamos, subitamente, no escuro. Rodeados de estranhos. Sentimos a brisa dos corpos que passam, mas... nada é real. Estamos sós. Olhares perdidos na mescla de constelações que compõem a escuridão imensa de uma casa sem janelas nem portas. Não se entra nem se sai. Apenas...estamos ali.

E vês no que te tornaste. Paraste de pensar, paraste de ouvir aquela música. Paraste de fazer sentido. Já não és tu. És algo. Um ponto microscópico no espaço sideral.

Todas as concepções que criaste na tua cabeça enquanto palmilhavas trilhos gastos, a ilusão de seres tu, um entre a multidão, mas não parte dela... Tornaste-te um corpo vindo de uma produção em série. Sem visão, sem ambição, sem qualquer elemento diferencior. És apenas o número que trazes impresso no braço.

Ai, do nada, tu sentes alguém dentro de ti a vir à tona no teu oceano particular. Ela da um grande suspiro de alívio. Suga o ar precioso que o teu acordar lhe despertou. Ela foi puxada varias vezes. Olhares, alguem te tentou puxar o braço varias vezes, enquanto indiferentes seguias a rota dos iguais. É uma sensação boa de liberdade, por entre confusão. Perguntas e mais perguntas vêm como balas de canhão. Mas ai percebes que nada importa. Ela está ali à tona, o teu verdadeiro eu. Ela voltou à superficie depois de mergulhada na indiferença dos dias fabricados pela sociedade.

E ela vê melhor que tu. Ela és tu. O teu verdadeiro eu. O que sabe a verdade sobre ti. É a enciclopédia do teu ser, que te veio dizer "Acorda". Ela notou aquele olhar. Há alguem, muito longe, mas sim, agora vês. Está alguém, igualmente parado a olhar para ti. Tem os olhos molhados, e respiração acelarada. Veio a correr, tentou te agarrar, enlaçar a sua mão na tua, atar o seu destino ao teu. Tu sentes tudo. Ele usou muitas palavras. Tu não ouviste ou não entendeste, não interessa... Mas agora, no silêncio dos espaços vagos deixados pelos satélites que seguem a rota comum dessa tal multidão...agora, não são precisas palavras. Agora sabes. Ela sabe. A que está à tona, cansada de lutar, de gritar, de tentar chamar a tua atenção...ela sabe quem ele é. Ela sorri, e sente-se salva.

Mas...

Tu não tens força nas pernas. Depois da longa caminhada inútil, estás sem forças. Deixaste-te cair de joelhos. E agora? Será que ele desistirá de vez de ti, será que tudo morrerá à beira da praia? Já paraste várias vezes. O teu eu já veio à superficie, e a sociedade tentou afoga-la outra vez. Fechas-te os olhos, e continuaste a caminhar. Mas agora é diferente. Estás parada, não continuaste como antes. Mas estás de joelhos. Será que ele ainda chegará a ti? Será que ele vai desistir?

 

É bom acordar. Mas às vezes acorda-se tarde demais. Espero que não seja o meu caso. Estou cansada, e tudo o que queria era ter-te aqui...Ai sim, poderia caminhar no meu sentido, no nosso, e não no sentido dos outros. Mas há situações que se arrastam por muito tempo. E basta um desistir.

 

Preciso de mudar tudo. Preciso lutar, ser forte, ser firme. Preciso ser sonhadora, optimista. Preciso ser eu.

Ela está à superfície, a recuperar as forças. E eu sei que ela vai sair desse oceano. Eu sei que vou ser eu outra vez, e vou encontrar o meu caminho para a felicidade. Mas agora pode já ser tarde demais... Amar só não basta. Há que ter quem amamos e quem nos ama ao nosso lado. Mas quando tudo conspira contra, pode não se chegar a viver nada...

 

Estou a voltar.

publicado por Quem ontem fui já hoje em mim não vive às 22:31
sinto-me:
música: Snow Patrol - Run

15
Jan 10

 

Pudesse eu parar de dizer que te adoro tantas vezes, e demonstrar-te antes tudo o que sinto por ti, onde as palavras não chegam, onde as palavras não bastam...

 

Pudesse eu compreender que as desculpas não se pedem, evitam-se, antes de cair nos mesmos erros que caio sempre...

 

Pudesse eu saber como agir, quando o que sinto por ti é muito maior do que já senti por alguém...

 

Pudesse eu fazer-te compreender que nem sempre as palavras são minhas amigas, e que na ânsia de te fazer compreender-me, para te sentir mais próximo, te afasto ainda mais...

 

Pudesse eu estar ai. Ai, onde pertenço, onde sempre pertenci, onde nasci para pertencer...ao teu lado, meu amor.

 

E aí já nada destas frases desconexas faziam sentido, quando o tempo se perdesse para sempre entre o pequeno espaço que separa as nossas bocas, os nossos corpos. Seriamos só tu e eu. Seriamos não. Seremos, como tanto desejo.

 

Sim, eu sei o que quero de ti. Também sempre soube. E agora que admiti já nenhuma palavra me basta. Porque o que quero és tu, e nem todas as filosofias, todas as teorias, todos os livros que li, que tantas vezes me ajudam a vocalizar o que sinto...nem tudo isso, nem toda a sabedoria do mundo, nem todas as palavras bonitas de amor, poderiam transcrever na realidade a alegria que me invade, o brilhos nos olhos, os imensos e coloridos sonhos que tenho contigo a todo o instante, a todos os minutos.

 

Sim, eu sei. Como já disse, as desculpas não se pedem, evitam-se, mas vou cair nesse pequeno erro pelo menos mais uma vez. Desculpa. Pelas minhas inseguranças, por alimentar o meu masoquismo ao lembrar-nos que estamos longe. Mas...eu sei que em breve estaremos juntos. E é nisso que vou pensar. Já faltou mais.

 

Se ainda me quiseres...

 

A tua "def". :) A tua, a tua, a eternamente tua...

publicado por Quem ontem fui já hoje em mim não vive às 23:01

26
Dez 09

 

 

publicado por Quem ontem fui já hoje em mim não vive às 22:12
música: Mafalda Veiga e João Pedro Pais - Paciência

13
Dez 09

Amor...

 

Muitas vezes aventuro-me a falar disso, de amor. Penso sempre que quanto mais falar, mais percebo do assunto, mas...

 

O que é o amor?

 

O amor é ...uma palavra, usada muitas vezes em vão.

                     um olhar, que transporta mais do que simples palavras.

                     um acto, que fala por si.

                     um negócio.

                     uma ilusão.

                     uma obsessão.

 

                     uma mentira.

                     uma ...dor?

 

                     UMA INCÓGNITA!

 

Mas, mesmo assim, sem saber explicar bem, eu sei o que é amor. É o que se sente quando se ouve uma gargalhada de uma criança, quando se sente o sol matinal a bater-nos no rosto - enquanto ao mesmo tempo se abre aquele sorriso bom -, são mãos dadas com alguém importante na nossa vida, é o beijo de uma mãe ou um pai ao seu filho(a), é uma boa acção...e muito mais!

 

Mas, isso a que damos o nome de amor, como tudo na vida, também tem o seu lado negativo.Traz dor, desespero, lágrimas...

 

O amor é a constante cura e doença.

 

E por mais que digamos que não acreditamos nele, no tal amor, todos queremos senti-lo na sua planitude. Todos queremos a mesma doença, o mesmo desespero, a mesma dor... Queremos estar partidos por dentro, só para que alguém venha, junte as peças todas e nos dê vida outra vez. E queremos sempre que quem nos conserte, seja quem nos quebrou. Sempre...

 

A esses que, tal como eu, têm um coração congelado pelas mil e uma razões, só poderei dizer uma coisa. Não sei o dia de amanhã. E sim, não acredito que alguma vez sofrerei da tal doença, apesar de, como todos, desejar senti-la (para depois me arrepender de a ter desejado).

 

Mas...

 

Nunca digas nunca. :)

Não mandámos na roleta russa.

publicado por Quem ontem fui já hoje em mim não vive às 04:27
música: Lykke Li - Possibility
tags:

11
Dez 09

 

 

publicado por Quem ontem fui já hoje em mim não vive às 23:58
música: Alanis Morissette - Incomplete

24
Nov 09

 

 

Nas raízes do meu pensar nasceram tantas coisas com o passar do tempo. Algumas

amadureceram e se fizeram fortes, claras, verdades para mim. Outras deixaram se embrenhar nas dúvidas de palavras, de gestos, de sentimentos. A dúvida apodera-se de mim constantemente e faz da sua melhor amiga a minha insegurança.

Nas ramificações do meu pensar pulsa o meu sentir, que por todos os meios tento não notar que ele deveras existe. Não olho às impossibilidades, porque a realidade intormete-se entre mim e o mundo imaginário que construi com o meu querer oculto. Ninguém sabe...nem eu sei tudo que faz parte dessa terra que se esconde por detrás do tronco do meu racíocinio. Existe muito terreno virgem,por explorar.

E eu tenho medo de pisar caminhos movediços que me façam cair naquele lugar que, na verdade, sonho em me perder: o amor.

E a desconfiança do Mundo me fez assim, amedrontada. Medo é o grande componente do meu pensar. O que me faz andar, o que me faz parar.

Não quero ser sua marioneta, não quero ser isto. Quero ser tudo que me compõe. Tal como uma orquestra não sobrevive sem as suas cordas, as suas mãos, e todos esses outros instrumentos, eu quero ser a sinfonia suprema do maior génio dentre todas as minhas células.

Mas deparo-me com estas dúvidas. É que, simplesmente...

 

...Não sei o que queres de mim.

 

Não sei se serei, se serás, se seremos, se serão.

 

Não sei. E não saber me deixa assim...com medo de puxar a cortina para ver a sinfonia final, de ver tudo o que sou, ao mesmo tempo de tudo o que vês.

 

Não sei o que queres de mim.

publicado por Quem ontem fui já hoje em mim não vive às 02:45

Saberia eu o que dizer, se as palavras fizessem algum sentido neste mundo.

Os silêncios são longas horas de conversas reveladoras de mil e umas histórias que se entrelaçam por entre a luz do dia e os mistérios da noite.

E eu ouço tudo enquanto durmo, enquanto me faço à estrada, enquanto olho para o lado... Tudo é uma presença constante, estas histórias de outros que não eu.

Talvez eu tenha sido criada para sorrir perante a felicidade alheia e abençoa-la.

Talvez nunca possa sorrir pelo que sinto, se o que eu sinto for proíbido, se não me for permitida essa benção que é amar.

Talvez, talvez... Enquanto isso sigo o caminho.

publicado por Quem ontem fui já hoje em mim não vive às 01:36

01
Nov 09

 

 

Tre metri sopra il cielo ^_^

publicado por Quem ontem fui já hoje em mim não vive às 03:20
música: Tiziano Ferro - Sere Nere
sinto-me:

28
Out 09

 

Nas manhãs de nevoeiro saio pela cidade vazia, em busca de não sei bem o quê. São os meus pés que me guiam, sem destino, impulsionados por uma força misteriosa.

Vou em silêncio, porque as palavras já as gastei no quotidiano mundo sem brilho. E é assim, em silêncio que tudo vem até à minha mente, sem pedir. Vêm as lembranças, os desejos, os olhares, os sentimentos e até as palavras. Palavras... Sim, o mais fácil é soltá-las ao mundo, e deixá-las fluir. Por ser tão fácil, os sábios chamaram-lhe de ritual vulgar, esse tal falar. E aí o silêncio teve o seu mérito reconhecido. A palavra é prata, o silêncio é ouro, como alguém algures disse.

No ouro da manhã de orvalho, deixei-me ir. Podia jurar que se fechasse os olhos, iria ter onde o meu coração clama por estar, e sei agora que ele é a força impulsionadora dos meus pés.

Viajei por muitos kilómetros, palmilhei a terra dos Homens e os recantos dos Deuses esquecidos. Depois de passar a barreira do silêncio, veio o som do Mundo. Ouvi sons de tristeza, agonia, de pesar, de alegria, de amor. E depois o silêncio novamente.

Viajei pelas estações, senti o renovar da vida pela Primavera, o calor do Sol no Verão, o reciclar das árvores no Outono e o frio sábio do Inverno.

Vi muitos olhares perdidos, senti a indiferença das grandes cidades, saboriei o elitismo do conhecimento. E os sorrisos... Tantos sorrisos. Uns verdadeiros, sinceros. Outros sorrisos fruto do cansaço, e outros do conformismo daqueles que deixam a vida passarem por si sem se agarrarem a ela.

Parei no sítio onde desejava estar naquele momento. Que sítio era esse?

 

Bom...

 

Quem tem imaginação pode ir a qualquer lado. Solta essas amarras e deixa-te fluir. Sente o vento que te bate nas costas, como que a empurrar-te para essa longa viagem. Solta os teus sonhos mais selvagens e impossíveis. Aí, depois de viajares por esses mundos tão variados e coloridos que são fruto da tua imaginação e que residem no teu desejo, volta a ti.

Quando abrires os olhos já saberás o caminho a tomar. Segue sem medo, pois pelo caminho haverá sempre pessoas especiais. E o maior prémio estará perdido num desses atalhos da vida. Um grande amor, um grande sonho ou simplesmente a felicidade no conceito que inventas-te para ti.

 

Simplesmente vai. Já vejo as asas inquietas à espera do próximo vôo. Vai, deixa-te levar.

Eu acredito em ti.

 

 

 

publicado por Quem ontem fui já hoje em mim não vive às 19:47
sinto-me:
música: Damien Rice - Amie

27
Out 09

 

        "É preciso correr riscos, dizia ele. Só percebemos realmente o milagre da vida quando deixamos que o inesperado aconteça.

         Deus dá-nos todos os dias - junto com o sol - um momento em que é possível mudar tudo o que nos deixa infelizes. Todos os dias procuramos fingir que não percebemos esse momento, que ele não existe, que hoje é igual a ontem e será igual ao amanhã. Mas, quem presta atenção ao seu dia, descobre o instante mágico. Ele pode estar escondido na altura em que enfiamos a chave na porta, pela manhã, no instante de silêncio logo após o jantar, nas mil e uma coisas que nos parecem iguais. Mas esse momento existe - um momento onde toda a força das estrelas passa por nós, e nos permite fazer milagres.

          Às vezes, a felicidade é uma benção - mas geralmente é uma conquista. O instante mágico do dia ajuda-nos a mudar, faz-nos ir em busca dos nossos sonhos. Vamos sofrer, vamos ter momentos difíceis, vamos enfrentar muitas desilusões. Mas tudo isso é passageiro e não deixa marcas. E, no futuro, poderemos olhar para trás com orgulho e fé.

          Mas pobre de quem teve medo de correr riscos. Porque esse talvez não se decepcione nunca, nem tenha desilusões, nem sofra como aqueles que têm um sonho a seguir. Mas quando olhar para trás - porque olhamos sempre para trás - vai ouvir o seu coração dizer: «O que fizeste com os milagres que Deus semeou nos teus dias? O que fizeste com os talentos que o teu Mestre te confiou? Enterraste-os bem fundo numa cova, porque tinhas medo de perdê-los. Então, esta é a tua herança: a certeza que desperdiçaste a tua vida.»

          Pobre daquele que escuta as palavras. Porque então acreditará em milagres, mas os instantes mágicos da vida já terão passado."

 

Paulo Coelho, em "Na Margem do Rio Piedra eu Sentei e Chorei"

 

"Na Margem do Rio Piedra eu Sentei e Chorei" é o meu livro preferido de todos os que já li. Fala sobre amor, sobre religião, sobre magia e fé. Mas sobretudo fala sobre a vida. E este é um dos textos que mais gosto. É soberbo. E quero adópta-lo como uma das minhas filosofias de vida.

 

publicado por Quem ontem fui já hoje em mim não vive às 19:14
música: P. Diddy & Faith Hill - Every Breath You Take
sinto-me: Happy happy! :D

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