Passaram quase 5 anos desde a minha última públicação... Se tivesse escrito esta frase na minha velha máquina de escrever, demoraria uma eternidade barulhenta a fazer um simples "rewind"... Porque não, não vou começar este post assim, pelo menos não na sua essência.
Na vida, é como na lenda: olhar para trás transforma-nos em pedra. A memória existe como exemplo comparativo, como nosso manual escolar da vida, ou seja, para não esquecermos os erros, para não voltarmos a repeti-los, para sabermos todas as aprendizagem utéis que adquirimos até aí, talvez para servir como aquele pequeno click parante as coincidências e obstáculos da vida. Viver no passado é diferente, é errado, é basicamente estar de costas para o futuro. Então, olhemos em frente, ou então para o presente. A vida acontece agora, e se estivermos realmente atendos, vemos que, tal como no Cosmos em geral, tudo pode acontecer, tudo é desconhecido e extremamente pequeno na escala do infinito.
O que é engraçado em tudo isto é que ego, ser abstracto e alucinado, por vezes é maior que o infinito ao quadrado, e quem se rege por essa coisa fica mergulhado num mundo construído por convenções, morais e manipulações colectivas. Tem lógica, se pensarmos bem, afinal quem tem quem alimente o seu ego, soube como montar as redes para apanhar o peixe, soube construír e dar a esse grupo o que ele quer, o que ele aceita como certo e como grandioso. Até a Deus foi dado um ego que o fez perante os olhos dos "tementes" a Ele, como um ser superior implacável, que castiga os seus filhos à base de pragas ou desgraças, ou sei lá o quê. O que nos criou a todos, sofreu por nós, é tido como ominipresente e representado como puro amor ou luz, vai ficar muito zangado se um dos seus filhos deitar um papel para o chão, e vai interferir com todos esses mundos paralelos, destino, karma, o que seja, para que esse seu filho seja castigado?
As prioridades andam trocadas, e os contextos manipulados. No fundo, tudo isto não interessa. E aí está o Santo Graal da nossa existência neste mundo: o que interessa é individual, é pessoal. Eu interesso-me por algo, e tu por outra coisa qualquer. E a vida que se faz olhando em frente existe muita introspecção, existe um auto-conhecimento, uma busca constante por isso. Porque na verdade, o essencial é descobrirmos quem somos, o que queremos e para onde queremos ir. Porque se não o fizermos, se nos regermos pelas convençoes, pelo colectivo, o nosso equilibrio não existe. Quem segue rebanhos, terá como bem e mal aquilo que lhe for ensinado e apontado. Onde pode haver equilibro numa alma sem esse tipo de discernimento?
Para tudo isto, para esta jornada sem fim, que nos acompanhará até ao último fôlego, é indespensável a humildade. Sim, humildade. E digo-vos uma coisa: humildade não é sinónimo de pobre. É sim sinónimo de rico, pois rico do qual conseguir olhar para o passado e aprender verdadeiramente com os erros, admitindo-os a si mesmo, e, acima de tudo, perdoando. Porque há quem passe uma vida a errar sem aprender, alimentando o ego, esse ilusionista matreiro, e não deverá haver existência mais triste que essa. Porque só não erra, só não tem atitudes de bem e de mal, quem nunca viveu. Prefiro mil vezes ser olhada de lado por ser quem sou e admitir-lo, do que andar de cabeça baixa julgando e sendo julgada.
Assim vamos em frente, nessa longa caminhada... Sendo nós, cada vez mais, olhando para trás cada vez menos.