Na vasta planície da minha solidão, a vontade de ouvir outra coisa que não o silêncio, é como a miragem de um oásis. Ela existe, mas já me acostumei a vaguear sozinha pelo cosmos da minha existência.
Comigo trago perguntas, trago tristezas, trago lágrimas. Trago saudade...saudade de casa. Porque aqui tudo é tão estranho. Há quem veja beleza na tristeza, e quem deboche do amor próprio. Talvez, quem sabe, eu aqui seja só um corpo cansado, pesado, à procura de uma copa verdejante de uma árvore, neste deserto imenso.
Talvez o que procuro é me deitar nesse solo cheio de raízes, e olhar para as nuvens, depois para as estrelas que já padeceram, para depois deixar o meu olhar se prender nos planetas desconhecidos.
Talvez tenha que voltar à raiz, e dela crescer; talvez deva perceber que procuro saber mais sobre o infinito, sem saber por onde começar.
É difícil. Ás vezes quero contemplar em silêncio, outras vezes danço sem parar por dentro.
A cada passo que dei para me afastar deste plano, deixei um pouco de inocência e ingenuidade em cada esquina, e em cada lágrima desapareceu um pouco da alegria e da curiosidade pelo desconhecido. Porque quis ser cientista sem perder a fé. Mas não encontrei certezas, e é cada vez mais difícil acreditar de olhos fechados...e até de olhos abertos.
Tem dias em que só quero fechar os olhos e lembrar-me do que já aprendi. Tem dias em que é difícil ter coragem e vontade de abrir os olhos para seguir rumo ao Horizonte.
Após os pequenos momentos de desassossego e solidão, lembro-me que depois de chover aparecerá um novo arco-íris. Mas porque não me basta contemplar? Sinto que tenho alma de pássaro. Gostava de aproveitar o momento, mas sinto que tenho que partir. O meu passo segue a um ritmo de tristeza, só, em silêncio e em dúvida. Mas não posso olhar para trás. Posso lembrar, mas o viver reside ali no horizonte, e eu quero percorrer todas as cores do arco-íris, até que este vazio seja passado, e ao chegar à cor purpura, aquela última cor do arco-íris, que esta seja um recomeço com um passo mais feliz, no caminho que me leva de volta a casa.