Sozinha, no escuro, na terra da desesperança. Sozinha...
Numa qualquer porta entreaberta entrei e perdi-me noutra dimensão, noutro eu. E casa já não queria dizer nada, nem amor, nem amizade. Estava ali, fora de mim, vazia, indiferente. Tal como toda a gente à volta. Bem, na verdade, nem gente nem a terra que palmilhava me importava. Nada importava. A não ser o respirar. Era o único fio que me ligava à vida.
E era um elemento simples da paisagem, surreal como tudo o resto. Simples, sem a complexidade da humanidade. Era movida a vento, de tão vazia. Era um promenor insignificante, uma poeira cósmica.
...Estaria eu morta?
Eu não era. E já não se sou ou se voltarei a ser. Os outros obrigaram-me a questionar. Sou dúvida constante e não sei o que é confiança. Não, confiar em alguém agora não consigo. Já ninguém me consegue agarrar, nem tão pouco comover.
Será isto o fim? Não. Recuso-me a largar os sonhos que seguro no meu regaço. Eles ainda estão aqui, sinto-os. Eles olham-me com um olhar expectante a cheios de confiança e dizem-me "acredita em ti, menina idealista e sonhadora que ainda aí reside. Luta, acorda e abraça o teu destino." Eles estão à espera que eu lhes olhe de volta, mas... Eu tinha desistido de tudo, e fiquem sem forças para nada...
Mas alguém, alguém muito especial agarrou-me o braço, obrigou-me a olhar e pediu que eu voltasse. Respondi num acorde sem esperança que não tinha para onde voltar. E então ele sorriu, como já antes sorrira. Era um sorriso saudosista que eu conhecia muito bem. Ai ele me disse: "Eu, tal como aqueles que carregas quase sem te aperceberes no teu regaço, eu...acredito em ti. Quero a Isa de volta. E tu a queres também porque tu sabes o teu potencial. Volta, por favor." Sorri. Provavelmente o primeiro sorriso sincero em muito tempo...
"Eu vou tentar, prometo."
E essa é agora a minha missão. Tentar e conseguir resgatar quem fui, e acreditar que nós seremos capazes de olhar para a frente, revolucionar o que for preciso revolucionar, e atingir tudo o que somos capzes de atingir.
Os horizontes são feitos para serem ultrapassados.