"Yesterday I got lost in circus..."
Todas estas verdades e mentiras confundem-me. Não sei o que quero mais, o que me faz mais falta. Por isso, cada vez mais aprecio as virgulas da vida. Sim, as paragens entre uma verdade e outra, uma mentira e um desgosto. Mas essas virgulas são tão vagas, como se lavassem o texto anterior da página, e nem mesmo se importassem com o que se segue. São meros separadores, livres de sentimentos, preconceitos, constrangimentos.
A verdadeira emoção reside em escrever, é certo. E dá-mos um suspiro de intervalo sem saber onde o recomeço vai nos levar. As possibilidades são tantas e tão variadas. E nessas possibilidades há também coisas negativas. Aí chega o medo. Pensar. O problema é pensar tanto. E se nos atirassemos nesse recomeço, tendo aprendido as lições do parágrafio anterior, mas sem receio do que possa vir a seguir? Ao que parece a felicidade é um vôo livre. Sem amarras, sem nada que nos prenda ou que nos restrinja para lá chegar. Um dia o vôo acaba. Mas o que é preferível? Não voar, mantermo-nos pelo seguro, e viver de virgulas? Ou voar por uns segundos e dar vida ao tal separador, tornando-o mais positivo?
Tudo muda. Há sempre mais uma palavra a escrever, até quando morremos - "Saudade". Já desesperei porque não me conformava com a mudança. Porque as pessoas mudavam, porque eu mudava. Desesperava porque só via as mudanças negativas. Mas até essas são necessárias, nem que seja para eliminarmos o que precisamos, ou para deixar cair as máscaras daqueles que desempenham um papel todos os dias, mas são outra coisa. Mudança faz parte. Mudar é bom. Não há melhor remédio contra o tédio.
Mudemos então. Renovemos, como as árvores se renovam a cada Outono.
Ponho um sorriso na cara e saio para a rua. Mãos frias, coração quente. E apesar de tudo que tenho pela frente, não posso deixar de me perguntar...
"Onde está você agora?"